Uma pesquisa recente da plataforma Acordo Online revelou um dado que chama atenção: os juros elevados são a segunda maior causa da inadimplência no país, atrás apenas do desemprego. Mas será que trabalhador de baixa renda paga mais juros no consignado CLT?

Essa suspeita é comum entre milhares de brasileiros que enfrentam dificuldades para conseguir crédito com condições justas. E você pode estar certo ao desconfiar: estudos indicam que existe sim uma relação entre faixa salarial e as taxas oferecidas pelas instituições financeiras.

A boa notícia é que 2025 trouxe mudanças significativas no cenário do crédito consignado. O lançamento do Crédito do Trabalhador promete democratizar o acesso a condições mais vantajosas para quem tem carteira assinada.

Neste artigo, você vai descobrir por que as taxas podem variar conforme o perfil do trabalhador, entender como funciona o novo programa governamental e aprender estratégias práticas para conseguir as melhores condições disponíveis.

Como funcionam as taxas de juros do consignado CLT em 2025?

O ano de 2025 marca uma verdadeira revolução no mercado de crédito consignado para trabalhadores CLT. Dados do Ministério do Trabalho mostram que o Crédito do Trabalhador já migrou R$ 15,7 bilhões em consignados antigos, demonstrando o impacto significativo do programa.

O funcionamento básico continua o mesmo: o desconto acontece automaticamente na sua folha de pagamento através do eSocial, com limite de até 35% do salário líquido. A grande diferença está nas taxas oferecidas e na inclusão de trabalhadores que antes ficavam de fora.

Diferenças entre o consignado tradicional e o novo Crédito do Trabalhador

A principal diferença entre as duas modalidades está na forma de garantia e processo. O Crédito do Trabalhador utiliza o FGTS como garantia adicional ao desconto em folha, além de ser processado diretamente via eSocial, o que reduz custos operacionais e permite taxas menores.

No consignado tradicional, a garantia pode variar: algumas empresas têm acordos que permitem desconto na rescisão, outras não. Já no novo programa, a garantia do FGTS é padronizada para todos os trabalhadores elegíveis.

Comparativo das principais diferenças:

AspectoConsignado TradicionalCrédito do Trabalhador
Taxa média59,1% a.a.31,4% a.a. (2,62% a.m.)
GarantiaDesconto em folhaFolha + FGTS
Público elegívelCLT selecionadosTodos CLT, rurais, domésticos, MEI
ProcessoVia bancoseSocial + bancos

Segundo o ministro Fernando Haddad, "as taxas podem cair 50% ou mais" com o novo programa, beneficiando especialmente trabalhadores que antes pagavam mais de 5% ao mês.

Por que as taxas variam tanto entre diferentes perfis de renda

As instituições financeiras usam diversos critérios para precificar o risco de cada operação. Para trabalhadores CLT, alguns fatores pesam mais:

  • Estabilidade no emprego: CLT tem menor estabilidade que servidor público
  • Score de crédito: histórico financeiro influencia diretamente na taxa
  • Renda comprovada: salários menores são vistos como maior risco
  • Relacionamento bancário: clientes antigos podem ter condições especiais

"A diferença de risco percebido entre um servidor público e um trabalhador CLT ainda é significativa no mercado", explica Rafael Seixas, especialista da Konsi. "Por isso nossa tecnologia é tão importante - ela permite comparar taxas em tempo real e encontrar as melhores condições disponíveis."

Trabalhador de baixa renda realmente paga mais caro no consignado?

A realidade é que as taxas de juros dependem de múltiplos fatores, e a renda pode sim influenciar as condições oferecidas. Isso acontece por razões práticas: trabalhadores com menor renda têm menos margem consignável disponível, o que resulta em parcelas menores e menos poder de negociação.

Além disso, salários menores geralmente correspondem a saldos menores no FGTS, oferecendo menos garantia para as instituições financeiras. Essa combinação de fatores pode resultar em condições menos favoráveis para quem ganha menos.

Estudos do setor financeiro mostram que essa diferença existe e impacta milhões de brasileiros no acesso ao crédito com condições justas.

O que o Banco Central descobriu sobre juros e faixa de renda

O Banco Central realizou estudos sobre o comportamento das taxas de juros por perfil de renda no mercado brasileiro. As análises revelam diferenças significativas entre as "cunhas de juros" cobradas de diferentes públicos:

Diferenças identificadas nos estudos:

  • Trabalhadores de 1-2 salários mínimos: cunha média de 106 pontos percentuais
  • Trabalhadores com mais de 20 salários: cunha média de 44 pontos percentuais

A "cunha de juros" representa a diferença entre o custo do dinheiro para o banco e o que é cobrado do cliente. Essa diferença pode estar relacionada a diversos fatores, incluindo capacidade de pagamento, histórico de crédito e margem consignável disponível.

Como as instituições financeiras avaliam o risco por perfil socioeconômico

As instituições usam diversos critérios para avaliar risco e definir taxas. Alguns são objetivos e justificados, outros podem refletir diferentes percepções de risco:

Critérios que influenciam as taxas:

  • Histórico de pagamento (score de crédito)
  • Estabilidade no emprego e tempo de empresa
  • Renda comprovada e margem consignável
  • Saldo disponível no FGTS (garantia)
  • Relacionamento bancário existente

Por que a renda pode influenciar:

  • Menor margem consignável = parcelas menores = menos poder de negociação
  • Saldos menores no FGTS = menos garantia para o banco
  • Menor capacidade de pagar à vista = dependência maior do financiamento
  • Histórico de crédito pode ser mais limitado

"É importante entender que existem fatores objetivos que justificam diferentes condições, mas também há espaço para melhorar a acessibilidade do crédito", explica Rafael. "Nossa missão é justamente democratizar o acesso às melhores condições disponíveis no mercado."

O que pode influenciar a cobrança de juros diferentes?

Diversos fatores podem influenciar a taxa final oferecida. Alguns você pode controlar, outros não:

Fatores controláveis pelo trabalhador:

  • Manter o CPF limpo
  • Melhorar o score de crédito
  • Quitar dívidas em atraso
  • Construir relacionamento bancário
  • Pesquisar em múltiplas instituições
  • Escolher prazos adequados

Fatores não controláveis:

  • Faixa salarial
  • Região de moradia
  • Setor da empresa
  • Política interna do banco
  • Cenário econômico

"A Konsi desenvolveu o primeiro comparador em tempo real justamente para democratizar o acesso às melhores condições", destaca Rafael. "Nossa tecnologia permite que qualquer trabalhador CLT encontre as menores taxas disponíveis no mercado, independente da sua faixa salarial."

Como conseguir as melhores taxas de juros no consignado sendo trabalhador de baixa renda?

Existem estratégias práticas que podem fazer uma diferença significativa na taxa final. O segredo está em conhecer o mercado e usar as ferramentas disponíveis.

Estratégias eficazes para conseguir melhores taxas:

  1. Migre para o Crédito do Trabalhador: Com taxas médias 50% menores que o consignado tradicional, representa a maior oportunidade de economia. O processo é simples via aplicativo da Carteira Digital e não há custos para migração.
  2. Compare taxas em tempo real: Nunca aceite a primeira oferta. Use comparadores como o da Konsi para analisar simultaneamente as condições de diferentes bancos.
  3. Organize sua vida financeira antes de solicitar: Aumente seu score no SPC e Serasa, e mantenha seus dados atualizados no eSocial. Um CPF limpo e score mais alto podem resultar em condições significativamente melhores.
  4. Use a portabilidade a seu favor: Disponível desde junho de 2025, a portabilidade permite migrar contratos caros para bancos com melhores condições. O processo é gratuito, sem burocracias, e pode resultar em economia significativa ao longo do financiamento.

Novo Crédito do Trabalhador resolve o problema dos juros altos para baixa renda?

Ainda que tenha limitações e o mercado esteja se adaptando ao produto, o programa representa um avanço significativo no acesso ao crédito. Dados oficiais mostram que mais de 60% das operações são de pessoas que ganham até 4 salários mínimos, confirmando que está chegando ao público-alvo.

Resultados até setembro de 2025:

  • R$ 15,7 bilhões em migrações realizadas
  • Taxa média de 2,62% ao mês
  • 47 milhões de trabalhadores elegíveis
  • Inclusão de domésticos, rurais e MEIs

Veja como migrar seu consignado atual para o Crédito do Trabalhador

Se você já tem um consignado CLT ativo, pode migrar para condições melhores:

Passo a passo da migração:

  1. Verifique sua elegibilidade no app da Carteira Digital
  2. Simule as novas condições - compare com seu contrato atual
  3. Solicite a migração diretamente no aplicativo
  4. Acompanhe o processo - leva entre 5 a 15 dias úteis
  5. Confirme a efetivação - verifique o desconto na próxima folha

Cuidados importantes:

  • Nunca pague pela migração (é gratuita)
  • Confirme que a nova taxa é realmente menor
  • Guarde todos os comprovantes
  • Acompanhe os primeiros descontos

Como saber se contratei juros abusivos no Crédito do Trabalhador?

Mesmo com o novo programa, é importante ficar atento às condições oferecidas. Nem toda proposta apresentada como Crédito do Trabalhador está realmente dentro dos melhores parâmetros disponíveis no mercado.

Sinais de alerta que merecem sua atenção:

  • Taxa mensal muito acima da média: Taxas muito acima das médias de mercado podem indicar condições desfavoráveis ou instituições que não estão oferecendo as melhores condições possíveis.
  • Falta de transparência nas condições: Se a instituição não explicar claramente todas as condições, custos efetivos totais e prazos, isso pode indicar práticas inadequadas. Você tem direito à informação completa antes de assinar.